Cozinha é a nova sala de estar

Dos anos 1970 aos 1990, as cozinhas obedeciam à concepção moderna de espaços privados mínimos. Compactas, acabavam privilegiando o forno de microondas a um fogão sofisticado. Já no início do nosso século, elas começaram a receber status diferenciado na casa e, hoje, as cozinhas se ampliam, derrubam paredes e convidam o dono da casa a confraternizar com os amigos.
“Deixa de ser a cozinha da empregada, uma área de trabalho, para se tornar uma espécie de sala e até se integrar à sala”, diz Jéthero Cardoso de Miranda, coordenador e professor do curso de Design de Interiores da Faculdade Belas Artes de São Paulo.
“Com a cidade mais inóspita, os preços caros, a violência, o trânsito, a falta de lugar para parar o carro e a Lei Seca, as pessoas acabam privilegiando os espaços residenciais”, explica. E como a sala está ocupada pela televisão, a cozinha ganha revestimentos mais nobres, equipamentos de alto luxo e se torna cada vez mais um lugar propício às reuniões.
Tendência em 2008
“Armários mais baixos, que não vão até o teto, pintura auto-brilho para as paredes, uso de cores, e o branco continua”, diz Simone Goltcher, designer de interiores que produziu a cozinha do Casa Cor 2008. “Muito vidro, vidro acidato e argentato (temperados opacado e opacado espelhado), novas articulações para os armários e portas de correr de vidro e emolduradas com alumínio”, acrescenta a arquiteta Vera Gonçalves.
A sofisticação e a praticidade são tendência. No ambiente do Casa Cor, Simone optou, por exemplo, por “gavetas de toque”. Sem puxador, elas funcionam pelo sistema “servo-drive” e podem ser abertas mesmo estando as duas mãos ocupadas. Puxadores embutidos, que evitam esbarrões e são mais discretos, também estão sendo cada vez mais usados, segundo ela.
Para a bancada molhada da pia, é a vez do Corian, um material sintético sem emendas, e, portanto, bastante higiênico, que imita o mármore. Entre a bancada e o armário, Simone ressalta o atual uso do inox, como revestimento de parede.

Bancada feita com o material Corian, bonito e de fácil limpeza

Chega da Itália a aposta na cor amarela para mesa e utensílios. Simone acha difícil que a moda pegue no Brasil, por ser muito ousada, mas algumas marcas já investem nessa linha e também na de eletrodomésticos vermelhos. Pratos de melamina (100%), leves e inquebráveis, também fazem parte dos novos produtos e são tendência mundial.

Eletrodomésticos da marca Oster apostam no vermelho
Estilo
Simples e acertado, o estilo de linhas retas da cozinha italiana ainda é um dos mais utilizados. Mas agora cresce também o número das chamadas cozinhas gourmet. Integrar a cozinha a outro ambiente, que tanto pode ser a sala de jantar quanto qualquer outra área social, abre as possibilidades de utilização do cômodo.
A divisão pode então ser feita com a aplicação de pisos diferentes ou, por exemplo, a instalação de uma ilha. Para quem gosta de cozinhar, esse tipo de bancada, com fogão cook top acompanhado de uma coifa de teto, é uma das principais tendências para a cozinha.
Dicas

Toda cozinha deve ser fácil de limpar, prática e, na medida do possível, ampla. O ideal é usar cores claras nas paredes. Para dar mais charme, pode-se optar por pastilhas no revestimento, que continuam em alta.
Simone Goltcher também aconselha dividir a cozinha em duas partes, uma operacional e outra social. Usando a “técnica do triângulo fogão-pia-geladeira e uma copinha do outro lado”, chega-se a um ambiente agradável e organizado. A técnica serve apenas para cozinhas maiores, assim como a tendência elegante dos armários pretos.
Economias
Para cozinhas menores e uma decoração de baixo custo, prefira uma base branca e neutra. Depois, é só investir em acessórios, cores e portáteis diferentes. “Não tem como errar com esta combinação”, diz a designer de interiores.